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Tendências que vão impactar o varejo de moda

O varejo se reinventa e evolui, a cada ano. Tais mudanças acontecem conforme os hábitos de consumo também mudam. Por isso, é natural que lojistas de diferentes segmentos queiram acompanhar o que são as tendências do varejo no Brasil e no mundo.

O segmento de moda é um dos mercados que estão mais acostumados com as mudanças e, mais do que ser impactado por elas, dita tendências não apenas nas passarelas, mas, também no âmbitos da tecnológica e hábitos de consumo. Nesse cenário de transformações velozes e alta competitividade, os lojistas precisam estar alinhados a esses movimentos por uma questão estratégica de sobrevivência.

Atualmente, a busca pela sustentabilidade e pela integração dos canais de vendas (omnicanalidade), são uma demanda dos consumidores e um objetivo para os varejistas. Acrescento a estes pontos, a importância das comunidades como demanda necessária. Quem não se adaptar a essa nova realidade corre o risco de ser deixado para trás.

Como está o mercado de varejo de moda no Brasil?

O varejo no Brasil tem passado por transformações que, em boa parte, estão associadas às tecnologias e, claro, ao momento de retomada após os períodos mais tensos da pandemia.

Segundo o Relatório de Varejo 2022 realizado pelas consultorias KPMG e *Adyen, mais de 80% os entrevistados afirmaram usar aplicativos para compras de modo mais constante. O percentual corresponde a uma média mais elevada que o parâmetro mundial, que gira em torno dos 53%.

Esta é uma informação valiosa quando o assunto são as tendências do varejo no Brasil, pois significa que os consumidores estão dispostos a aceitar novas tecnologias e adotar novos canais de venda. Para além disso, o formato híbrido também já é uma realidade no varejo. A mesma pesquisa afirma que 85% dos entrevistados disseram que buscam estabelecimentos que ofereçam uma jornada de compras multicanal.

O relatório observou ainda que 98% dos negócios pretendem utilizar mais tecnologia em suas experiências. Ou seja, independentemente do tipo de loja (físico ou online), o varejo brasileiro tem sido um campo de grande efervescência quando o assunto é transformação digital.

Diante disso, é importante que as marcas estejam atentas às tendências do varejo para garantir uma vantagem competitiva e atualizada em relação às expectativas e demandas dos consumidores.

Confira as principais tendências do varejo de moda que já podem entrar no radar e na sua lista de tarefas:


1- Integração entre físico e virtual

Quando se aborda a integração entre físico e virtual, os consumidores mostram quais as suas estratégias preferidas: em 87% dos casos - fazem pesquisa de preço em loja física que termina em compra online e outros 80% dizem que pesquisam no online para comprar no presencial. E por fim, outros 78% relataram a compra online para retirada na loja.


Outra informação importante é a de que as compras em marketplaces são frequentes e 68% preferem marketplaces onde há vários tipos de vendedores, em detrimento de lojas únicas.


É pra ficar atento. Transformação digital é a chave!


2- Metaverso

Termo usado para indicar um tipo de mundo virtual que tenta replicar a realidade através de dispositivos digitais. O metaverso é um espaço coletivo e compartilhado que é o resultado entre a fusão de três tecnologias: Realidade Virtual, Realidade Aumentada e Internet.


O metaverso se tornou uma das tendências do varejo porque sua experiência vai além das compras, o espaço é um novo ponto de contato com os consumidores.


Para esta tendência, percebo a adesão por parte de grandes marcas internacionais e penso que para os pequenos negócios, pode demorar a acontecer. E, tudo bem se demorar um pouco (ou que não aconteça) desde que o seu negócio esteja alinhado a outras demandas e expectativas do consumidor.


3 - Modelos de negócios sustentáveis

Além da tecnologia de dados a serviço do combate ao desperdício, tópicos como economia circular, mercado de revenda, investimentos no combate às mudanças climáticas e em sustentabilidade devem continuar como pautas relevantes nos novos modelos de negócios de moda.


3.1- Economia circular

Uma das tendências mais discutidas do varejo para 2023 é a economia circular, conceito que associa desenvolvimento econômico a um melhor uso de recursos naturais.


Repensar seu próprio consumo está sendo um movimento latente em vários grupos, incluindo a Geração Z. Até as lojas de fast fashion estão aderindo ao movimento.

A Zara, por exemplo, anunciou que lançará revenda, conserto e doação de roupas. O serviço, chamado Pre-Owned vai funcionar em todas as frentes de venda — lojas físicas, aplicativo e site, começando o piloto pelo Reino Unido.


3.2- Recommerce

No momento em que o mercado de revenda caiu de vez no gosto do consumidor, os varejistas estão se adaptando a um segmento que se expande rapidamente.

Recommerce é o nome dado à venda de produtos de segunda mão, outro hábito incentivado pela Geração Z e que tem se mostrado uma das principais tendências do varejo no Brasil.


De acordo com um estudo da ThredUp, a expectativa é que o mercado de revenda cresça 127% até 2026. Ainda de acordo com o relatório, três em cada quatro executivos se mostraram abertos a incluir produtos de segunda mão em seu portfólio.

Os dados revelam que 45% de consumidores da Geração Z e dos millennials afirmam ser mais propensos a comprar de uma marca que oferece produtos de segunda mão junto a itens novos.


Para fazer com que o consumidor se acostume a um novo jeito de comprar, experimente o mercado de revenda no varejo físico. Uma linha selecionada de produtos pode ser disponibilizada na loja para atingir um público específico.



3.3- Sustentabilidade

Se o consumidor está cada vez mais disposto a valorizar iniciativas sustentáveis, é também neste sentido que vejo as empresas ampliando seus horizontes e investimentos. Qual a origem dos produtos, como reutilizá-los ou reduzir o desperdício? Tudo isso conta na hora da compra e este é, portanto, um ponto crítico dentro das organizações, que tem colocado em cheque o grau de relevância e competitividade de grandes empresas já consolidadas.

E vale lembrar que todo varejista – seja pequeno, médio ou grande – pode (e deve) trabalhar de forma cada vez mais transparente e colaborativa para reduzir seu impacto ambiental.

4- Mudança no papel das lojas físicas

Mais que um ponto de venda, a tendência é que se tornem “pontes de experiência do consumidor” que estão além das compras. O cliente está recorrendo a soluções de pagamento que extinguem as filas nos caixas, ou mesmo os caixas propriamente ditos, por exemplo, devem despontar como o próximo estágio das lojas do futuro.


4.1- Mercado de trabalho no ambiente de varejo

Ainda não temos certeza se na loja do futuro teremos um atendimento no caixa (espero que sim)- mas o debate se expande em relação ao papel de outros funcionários. Talvez, ao invés de atendentes as lojas físicas tenham “promotores de marcas” onde se possa construir uma força de trabalho dinâmica na linha de frente.


Para tanto, os lojistas precisam saber recrutar, treinar e envolver melhor os membros da equipe nesta ou em qualquer função recém-concebida.


4.2- Redes sociais e atendimento personalizado

As compras em redes sociais também são atrativas, sobretudo para marcas que concentram divulgação e vendas nos três canais: WhatsApp, Instagram e Facebook.


A personalização do atendimento é um aspecto que vem com força em 2023. Segundo a Opinion Box, 72% esperam que as empresas as reconheçam como indivíduos únicos e identifiquem seus interesses. Além disso, 73% optam por marcas que já proporcionaram essa experiência personalizada. Outro dado interessante é que 86% acreditam que a tecnologia ajuda no processo de compra e 56% dos entrevistados utilizam QR Code para pagamentos. Na sequência de ferramentas preferidas para essa finalidade estão o uso de carteiras digitais (53%) e os chatbots (30%).


5 - Comunidades

Uma pesquisa da Edelman Trust, mostra que marcas que investem em sua comunidade inspiram mais confiança – o que, por sua vez, impulsiona as vendas. Quando se trata de construir comunidades, as marcas precisam deixar as transações de lado como único caminho e priorizar as conexões pessoais.


Em uma pesquisa da Amazon Ads, 80% dos entrevistados em todo o mundo declararam preferir experiências reais e conexões genuínas em vez de interações digitais.


No mercado atual, os consumidores estão saturados com tantas opções de oferta. Por isso, as marcas precisam se destacar e pensar além dos preços para conquistar a fidelidade. Após um período prolongado de isolamento social, as marcas agora têm a oportunidade de fazer os consumidores se sentirem parte de algo verdadeiro e autêntico.


Construa uma comunidade baseada na exclusividade através de grupos fechados, acesso por convites ou assinaturas pagas, cultivando uma cultura qu se o seu público for da Geração Z, pense em programas que permitam a participação deles no processo criativo da marca ou produto. Seu negócio fará sucesso na economia de criadores desta geração.


Vale acrescentar que o tema comunidades foi um dos assuntos mais discutidos na NRF 2023 - que é o principal evento de varejo do mundo.



* O relatório consultou 10 mil varejistas de 23 países e 40 mil consumidores de 26 países. O Brasil se destacou em alguns dados.

Imagens: Unsplash


Chris Corcino

Consultora de Negócios de Moda

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